A exportação do agronegócio brasileiro alcançou US$ 100,8 bilhões em 2020, segundo maior valor em 10 anos e crescimento de 4,1% em comparação com o ano anterior. Os dados foram compilados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com base nas informações do Ministério da Economia.
Com isso, o superávit na balança comercial do agro foi recorde de US$ 87,8 bilhões, já que a importação do setor foi de US$ 13 bilhões no ano passado.
De acordo com o documento, soja em grãos foi o principal produto da pauta exportadora em 2020, com participação de 28,3% e receita de US$ 28,6 bilhões – 9,6% a mais que em 2019.
Em seguida, completam a lista dos cinco produtos mais vendidos carne bovina in natura (US$ 7,4 bilhões), açúcar de cana-de-açúcar em bruto (US$ 7,4 bilhões), celulose (US$ 6 bilhões) e farelo de soja (US$ 5,9 bilhões).
Segundo o boletim da CNA, a China foi o principal destino dos produtos do agro brasileiro, respondendo por 33,7% do total das vendas externas no ano passado. Os itens mais embarcados para o país asiático foram soja em grãos, carne bovina in natura e celulose.
A União Europeia foi o segundo principal mercado, com participação de 16,2% dos embarques e destaque para farelo de soja, soja em grãos e café verde. Os Estados Unidos tiveram a terceira colocação, com parcela de 6,9%. Celulose, café verde e álcool etílico foram os produtos mais embarcados para o território norte-americano.
Perspectivas
Em relatório semelhante sobre os resultados das exportações do agro em 2020, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) pondera que, embora o início da vacinação contra Covid-19 traga esperança de um 2021 melhor, há ainda muitas incertezas, principalmente em relação ao ritmo da esperada “normalização”.
Segundo os pesquisadores, outra dúvida envolve as relações políticas entre Estados Unidos e China e de ambos com o Brasil, bem como os impactos das políticas comerciais, que “devem ser guiadas por uma diplomacia mais pragmática em 2021”.
De acordo com o Cepea, um dos riscos para o Brasil é o câmbio. “A apreciação cambial vista em 2020 pode arrefecer se as autoridades nacionais conseguirem ter sucesso no controle da pandemia, que é condição necessária para a retomada da economia”, analisa o centro.
Por outro lado, os pesquisadores afirmam que só a contenção da Covid-19 pode não ser suficiente, “já que crises domésticas que elevam as incertezas em relação à retomada do crescimento econômico podem afastar o interesse de investidores num mercado de capitais que deve se manter com bastante liquidez”, finaliza.